Prémios ERA

Rosanna Gusmano (Casale Monferrato, 10 de novembro de 1928 – Genova, 12 de fevereiro de 2011) foi uma Pediatra que desenvolveu em sua vida a paixão pelos rins e pelas doenças renais. Como Nefrologista trabalhando num hospital pediátrico, ela aplicou os seus conhecimentos às crianças e efetivamente fundou na Itália a disciplina de Nefrologia Pediátrica.

Ela formou-se na Faculdade de Medicina de Génova, Itália em 1953, recebendo a especialização em Pediatria em 1955, obtendo ensino na mesma disciplina em 1970 e alcançando a especialização em Nefrologia em 1974.

Rosanna passou toda a sua carreira médica no Hospital Pediátrico Giannina Gaslini em Génova, onde inicialmente entrou como assistente (1960-68), progredindo para associada (1968-77) e finalmente liderando o recém-fundado Departamento de Nefrologia Pediátrica (1977-1998). Sua contribuição clínica e científica para a área foi enorme. Ela foi pioneira na diálise pediátrica, introduzindo essa prática na Itália em 1969, cultivou a patologia renal e teve um interesse particular pela genética das doenças renais. Naquela época, a maioria das crianças italianas com doenças renais eram tratadas em Génova, onde ela fundou a primeira unidade de transplante renal pediátrico na Itália. Rosanna teve um compromisso ao longo da vida com o cuidado ao paciente também fora do seu departamento; ela fundou o “Fondo Malattie Renali del Bambino” em 1976, uma instituição de caridade comprometida em ajudar famílias de baixa renda durante a hospitalização e assistência infantil.

Rosanna era visionária, acreditava fortemente na pesquisa e estava plenamente consciente da necessidade económica da pesquisa. Com esse propósito, em 2004, ela fundou a “Renal Child Foundation”, com o objetivo específico de apoiar a pesquisa científica no campo da Nefrologia.

Ambos “Fondo Malattie Renali del Bambino” e “Renal Child Foundation” ainda estão ativos hoje e totalmente comprometidos em alcançar seus objetivos institucionais.

O resultado concreto é a existência de uma equipa de pesquisa renal no Gaslini, que inclui pessoas que trabalham num laboratório intitulado em memória deste grande mestre, o ‘Laboratório Rosanna Gusmano’

Ela deixa um legado de 450 publicações científicas e vários capítulos em livros de nefrologia. Mais importante, deixou a muitos alunos o conceito de que a medicina precisa de coração e paixão e que a pesquisa é fundamental para ambos os objetivos.

Gianmarco Ghiggeri

O Prof. Shaldon nasceu em 1931 em Londres e estudou medicina na University of Cambridge, Queens´ College London e no Middlesex Hospital London de 1949-56. Após ter passado dois anos em serviço militar como especialista médico num hospital em Lagos, Nigéria, recebeu a sua formação pós-graduada no Hammersmith Hospital e no Royal Free Hospital, Londres, onde se tornou Professor Assistente em Medicina em 1960 e Consultor Médico da Unidade Renal em 1965. Apenas um ano depois, em 1966, estabeleceu o National Kidney Centre em Londres. Na década de setenta deixou a Inglaterra e trabalhou como professor visitante em Montpellier, França, e Estocolmo, Suécia. De 1977 até receber o status de emérito, foi responsável pela secção de pesquisa do Departamento de Nefrologia do Hospital Universitário de Nimes, na França.

O trabalho científico do Prof. Shaldon foi notável, com mais de 350 publicações analisadas por pares, como pioneiro nos campos da hemodiálise (em casa), ultrafiltração e tratamento de ESRD, incluindo invenções clínicas revolucionárias. Ele desenvolveu uma fístula arteriovenosa que era simples de perfurar no auto-cuidado e também foi o primeiro a aplicar cateteres de veia central como acesso para diálise, agora conhecido como o “Cateter-Shaldon” (Lancet 1961) em todo o mundo. Ele também foi um dos primeiros a reutilizar dialisadores, e ainda mais importante, chamou a atenção para a importância da água de diálise pura, das quimiocinas na uremia e, por último, mas não menos importante, da toxicidade do sal dietético. Ele foi um excelente nefrologista e os pacientes estavam sempre no centro de todos os seus esforços. O seu sonho era “transformar a diálise na insulina da doença renal em fase terminal”, isto é, possibilitar aos pacientes a realizarem a sua própria diálise e serem menos dependentes de assistência médica.

Além disso, o Prof. Shaldon foi um grande professor e mentor, formando e influenciando muitos da atual geração de nefrologistas europeus e de todo o mundo. Ele também foi um dos “pais fundadores” da ERA-EDTA em 1963. A sua visão permitiu o desenvolvimento de uma das sociedades científicas europeias mais bem-sucedidas hoje, que inspirou durante muitos anos.

Raymond Vanholder

O Professor Eberhard Ritz é uma pessoa notável e única em todo o mundo, não apenas como cientista, visionário em nefrologia, excelente orador e apaixonado por história, mas também como um excelente mentor para muitos jovens. Desde o início dos anos oitenta do século XX até a sua aposentadoria, anualmente o Professor Ritz convidava vários colegas mais jovens, principalmente da Europa Central e do Leste, mas também dos países ocidentais, América Latina ou Ásia para visitá-lo em Heidelberg. Era para eles uma oportunidade especial para aprender nefrologia moderna em seu laboratório e publicar artigos em revistas médicas prestigiosas. Para muitos, as publicações com o Professor Ritz eram reconhecidas como uma contribuição muito importante para a subsequente carreira científica ou clínica. O Professor Ritz foi um dos primeiros a começar a educação em nefrologia em grande escala, organizando desde 1976 famosos seminários em Nefrologia em Heidelberg. Mais tarde, ele organizou cursos de formação em nefrologia e hipertensão arterial também em outros países, frequentemente com o apoio fornecido pela ERA-EDTA e pela ISN. Sem esse suporte direto organizado pelo Professor Ritz, a participação nesses cursos de formação para muitos jovens nefrologistas não teria sido possível naquela época. Não há dúvida de que sua enorme atividade científica e os muitos conceitos novos que o Professor Ritz apresentou em seus excelentes artigos de revisão ou palestras, contribuíram significativamente para o desenvolvimento da nefrologia atual. O Professor Eberhard Ritz também é tão famoso porque apoiou a carreira clínica de muitos jovens nefrologistas de quase todos os continentes. Portanto, os destinatários devem sempre se orgulhar muito de receber o Prémio Eberhard Ritz ERA para jovens investigadores!

Andrzej Wiecek

Colin Baigent formou-se em Medicina (em 1989) na Universidade de Oxford. Ele juntou-se à Unidade de Serviço de Ensaio Clínico e à Unidade de Pesquisa Epidemiológica em Oxford em 1991. Foi nomeado Professor de Epidemiologia em 2006 e, desde 2023, tem sido Professor Emérito de Epidemiologia. Tornou-se membro da Academia de Ciências Médicas em 2019. Em 1995, ele fundou o Grupo de Estudos Renais, que coordenou o Estudo de Proteção Cardíaca e Renal (SHARP) com 9000 pacientes de redução de colesterol, o ensaio EMPA-KIDNEY de empagliflozina (em 6600 pacientes) e agora co-preside o ensaio EASi-KIDNEY.

Carsten A. Wagner é um Professor de Fisiologia na Universidade de Zurich. Ele estudou medicina em Tübingen (Alemanha) e recebeu a sua dissertação trabalhando com A. Busch e F. Lang. Ele treinou com G. Giebisch , J. Geibel (Yale University), e com H. Murer (Zurique). A sua pesquisa concentra-se em equilíbrio acid-base e fosfato, e pedras nos rins. Ele presidiu o ERA Conselho Científico Consultivo, fez parte das direções editoriaiss de principais revistas de nefrologia , publicou mais de 350 artigos, resenhas, e capítulos de livros, e recebeu prêmios nacionais e internacionais pelo seu trabalho. 

Ingeborg Bajema é Professora de Nefropatologia no Centro Médico Universitário de Groningen, na Holanda. A sua investigação foca-se em doenças renais e sistémicas mediadas pelo sistema imunitário, principalmente vasculite associada a ANCA, nefrite lúpica, C3G e IgG4-RD, como evidenciado por mais de 200 artigos (índice h: 74; índice Hi-10: 176) e vários capítulos de livros (Heptinstall’s Pathology of the Kidney; Brenner & Rector’s The Kidney). Ela é vice-presidente da Sociedade Europeia de Vasculite (EUVAS), e também a presidente do Comité de Educação da EUVAS e está envolvida na organização de eventos educacionais em toda a Europa.